Cidade localizada no coração da Ilha da Terra do Fogo é a menor da província e tem recebido cada vez mais turistas
Viver em Ushuaia implica em estar longe de tudo. Sair da grande Ilha da Terra do Fogo para o continente acaba se tornando uma tarefa difícil para os habitantes, seja por conta das distâncias ou altos preços dos bilhetes aéreos. Desfrutar das belezas da região se torna um imperativo para os seus moradores. Mas quando a ideia é descansar e sair um pouco da rotina, há um lugar que sempre aparece como alternativa para os ushuaienses: Tolhuin, cidade que fica a aproximadamente 100km, no coração da província e às margens do Lago Khami, também conhecido como Lago Fagnano.
Ainda pacata, essa cidade vizinha está em pleno crescimento, aproveitando um pouco do sucesso turístico de Ushuaia. Muitos visitantes que vão ao fim do mundo acabam visitando Tolhuin ao fazer o tradicional passeio pela região dos Lagos, mas poucos passam pelo povoado ou se hospedam por lá. Acaba sendo um ponto de parada para os viajantes que encaram a estrada em moto, carro, motorhome e até mesmo de bicicleta. Além do lago, a padaria La Unión, em funcionamento desde 1985, acaba sendo um atrativo com suas delícias doces e salgadas.
Hosteria Kaikén
Tolhuin tem uma cara de "Fim do Mundo" justamente por ser um lugar menor do que Ushuaia. Enquanto a capital da província da Terra do Fogo abriga quase 100 mil habitantes, a cidade no coração da ilha é casa para aproximadamente 10000 mil pessoas, de acordo com o último censo. E isso acaba atraindo pessoas em busca de tranquilidade. Com muitos chalés e cabanas disponíveis, os turistas encontram opções na frente do lago ou um pouco mais no centro do povoado.
A Hosteria Kaikén, onde minha companheira e eu tivemos a oportunidade de nos hospedar algumas vezes, é um dos lugares que gosto de recomendar. Sempre tivemos ótimas experiências por lá. Além de ser um bom hotel, conta com uma excelente gastronomia e está à beira do lago, permitindo caminhadas com uma vista incrível. Como não temos carro, a localização também ajudava, pois a van de transporte regular da empresa Montiel que sai de Ushuaia com destino a Tolhuin passa pela hosteria na ida e na volta. Isso facilitava bastante a nossa logística de ir para ficar, às vezes, por apenas uma noite.
Sempre considerei esse lugar ideal para uma escapada de fim de semana porque ao chegar lá sempre nos sentimos muito confortáveis. Ficamos uma vez em um quarto superior que conta com banheira de hidromassagem e em outro momento nos hospedamos em uma cabana exterior. Ambas foram super legais de conhecer. Na estrutura da hosteria, eles contam com um bar e um restaurante. O café da manhã incluído é muito bom e abundante. E para almoçar e jantar a gente sempre foi provando diferentes pratos no restaurante do hotel. Sempre ficamos satisfeitos com a qualidade da comida.
Outro ponto importante é a tarifa acessível. O hotel se enquadra na categoria três estrelas e os pratos do restaurante, aberto ao público, contam com preços ótimos também, abaixo até do que costumamos encontrar no centro de Ushuaia. E no tempo livre a gente sempre curtiu caminhar às margens do Lago Khami (Fagnano) tomando um mate. Além disso, na própria Hosteria Kaikén começa uma pequena trilha com vista linda do lago.
História
A Hosteria Kaikén, que leva o nome de uma ave típica da região, abriu as suas portas em 1964. A ideia do governador da época, Ernesto Manuel Campos, era aproximar as duas cidades da Terra do Fogo, Ushuaia e Rio Grande. O hotel passou por uma reforma em 2004 e é um dos lugares históricos ainda ativos na região. Hoje, com Tolhuin, a província conta com três cidades.
Outras atrações
Tolhuin tem como principal atrativo o Lago Khami, ou Fagnano, um dos maiores da Argentina e o maior da Terra do Fogo. Com quase 100km de comprimento, muda de aspecto dependendo do clima (dá para notar nas fotos a diferença de um dia ensolarado para um dia nublado). O lago está predominantemente no lado argentino da Terra do Fogo, mas também alcança parte do Chile. Por outro lado, a região conta com outros pontos de interesse, como lagoas, reservas naturais e a possibilidade de atividades ao ar livre, como trilhas e canoagem.
Esse lugar também conta a história do povo Selknam, nativos da Patagônia austral argentina e chilena que, assim como muitos outros habitantes originários da Patagônia, foram perseguidos e massacrados. Tolhuin, que significa coração no idioma Selknam, serviu como casa dos sobreviventes ao genocídio. Por essa razão, algumas palavras da língua dos antigos habitantes seguem presentes no cotidiano fueguino.
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